Ultimamente o termo inclusão social tem me incomodado um pouco,
não pelo termo em si, mas a forma romântica como é tratada, porque se pararmos
para pensar nas vagas de empregos existentes hoje, veremos que este tipo de
vaga só serve para deficientes que já estão incluídos, eles já se habituaram a
sua cadeira de rodas, a seus horários de remédios, uso ou não de fraldas e a
olhar a sociedade nos olhos.
Neste pensamento fantasioso todos deficientes têm a seu dispor enfermeiros
para o tirar da cama de manhã, dar banho, barbear e vesti-lo para o trabalho,
tem também uma cadeira de rodas confortável para aguentar o dia inteiro
sentado, na frente da sua casa ele entrará em seu veículo totalmente adaptado e
sairá deste veículo na frente do seu emprego. CARAMBA sabemos que isso não é a
realidade de 95% dos deficientes existentes.
Por
isso devemos esmiuçar a palavra inclusão. Dentro do nosso quarto, nós
deficientes começamos a nos sentir fora do jogo, se as empresas oferecessem
trabalho para as pessoas em suas próprias casas, de cara os deficientes
resgatariam sua dignidade dentro do seio familiar, através
do seu próprio sustento. Com a autoestima renovada, aos poucos interagir
com seus amigos, em seu bairro, aí sim pensar num emprego fora de casa, PENSAR, porque
ainda temos que levar em consideração os dias frios, os dias chuvosos, os dias
de calor intensos nos quais a saída de casa para ir ao trabalho se torna um
grande obstáculo. Pensando mais além, as empresas juntamente com as associações
de deficientes poderiam usar a época logo após o acidente, quando ficamos com
muito tempo ocioso e sem muitas perspectivas, para prepararmos ou moldarmos o
deficiente com cursos para futuramente ingressarem no mercado de trabalho.
Quando as empresas se conscientizarem da qualidade desta mão de
obra, lealdade, pontualidade e gratidão,
saberão o quanto estão perdendo. Neste dia não será obrigado existir uma lei de
cotas.
Roberto Ap. Zaupa