Descoberta do cientista britânico Geoffrey Raisman e auxiliado pelo
neurocirurgião Polonês Pawel Tabakow. Paciente: Darek Fidyka.
Abaixo vcs
terão a matéria do Fantástico e depois a opinião do Paulo Oliveira do blog
Amigos Cadeirantes.
Fantástico
Homem com
paralisia volta a andar após fazer tratamento revolucionário
Fantástico
mostra, com exclusividade no Brasil, detalhes da pesquisa que resultou em um
avanço só comparado à chegada do homem à lua.
É um dos
desafios mais formidáveis da medicina: reverter a paralisia. Um cientista
passou a vida trabalhando para realizar um sonho: regenerar lesões na coluna
vertebral.
“Este é o
momento em que a paralisia pode ser revertida”, revela o professor Geoffrey
Raisman.
Darek
Fidyka é o primeiro paciente do mundo a receber um tratamento pioneiro.
“Quando
começa a dar certo, é como se a vida recomeçasse, como nascer de novo”, diz
Darek.
“É
incrível ver como algo se imaginava impossível, a regeneração da coluna
vertebral, está se tornando realidade”, comemora o neurocirurgião Pawel
Tabakow.
Darek
passou a viver em uma cadeira de rodas, depois de levar uma facada que
atravessou a medula espinal. Até que ele passou por uma cirurgia
revolucionária.
“Você está
fazendo história! Para mim, é mais impressionante do que o homem andar na
lua!”, diz Geoffrey Raisman.
Nunca mais voltaria a andar
Darek vive
no interior da Polônia. Disseram que ele nunca mais voltaria a andar, depois
que sofreu um ataque brutal.
“Aí ele
veio na minha direção. Não sabia que ele tinha uma faca e ele me golpeou várias
vezes. Eu caí, ele veio pra cima e me atingiu várias vezes. Fiquei consciente o
tempo todo”, lembra Darek Fidyka, paciente que passou pela cirurgia.
O agressor
era o ex-marido da mulher de Darek.
“Sempre
evitei pensar que poderia ficar paralisado pra sempre. Sabia que seria difícil
e demorado, mas eu ia lutar muito”, conta Darek.
Darek não
queria desistir, mas o sonho de curar a paralisia continuava distante. No
Brasil, o doutor Alexandre Fogaça é chefe do grupo de coluna da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.
O
Fantástico mostrou a ele trechos do documentário.
Fantástico:
Você é um jovem cirurgião, de 40 anos. Você acredita que ainda no seu tempo de
vida vai ver a cura desse tipo de lesão? Vai ser possível regenerar a medula?
Alexandre
Fogaça: Nós temos uma esperança muito grande. Hoje nós temos vários centros
trabalhando em várias perspectivas de cura. Mas o que a gente mais tem
esperança são as células-tronco, os fatores de regeneração, engenharia genética.
Descoberta do cientista britânico
Esse
grande objetivo da ciência é o trabalho da vida de Geoffrey Raisman, um
cientista britânico de renome mundial, especialista em analisar as células do
sistema nervoso, os neurônios, usando microscópios superpotentes.
“Eles
aumentam a imagem milhões de vezes. Conseguimos enxergar coisas que eram
impossíveis”, conta o professor Geoffrey Raisman, especialista em regeneração
da espinha da University College - Londres.
O
pesquisador descobriu que o cérebro, quando sofre uma lesão, cria novas
conexões entre os neurônios. E se a mesma coisa pudesse ser feita em uma medula
lesionada? Foi isso que ele passou a estudar.
“A espinha
é como uma estrada. Os carros que vão do norte para o sul levam os comandos do
cérebro para o corpo. E os carros que vão do sul para o norte carregam as
sensações até o cérebro. Se acontece um ferimento grave, é como se uma ponte se
rompesse na estrada. É preciso consertar a rodovia. Então precisamos procurar
alguma parte do sistema nervoso que passe o tempo todo se consertando sozinha”,
explica o professor Raisman.
A resposta
estava fora da coluna, em uma região que controla um de nossos principais
sentidos.
“O sistema
do olfato é a única parte do sistema nervoso que está em renovação constante”,
conta o professor Raisman ao repórter da BBC.
Essas
estruturas se chamam bulbos olfativos.
“Virando o
cérebro, a gente vê os bulbos olfativos, marcados em verde. Ficam na base do
cérebro. As fibras nervosas que levam as informações sobre os cheiros do nariz
até os bulbos estão sempre se renovando. Então a gente pensou: e se nós
transplantássemos esse tipo de célula do nariz pra dentro de uma espinha
lesionada? Será que criariam novos caminhos na estrada interrompida?”, conta o
professor Raisman.
Transplante de células treinado com animais
Um
transplante de células do próprio paciente, portanto, sem risco de rejeição. A
equipe do professor Raisman passou décadas treinando essa cirurgia com animais.
“Para saber se funciona, tem que testar primeiro com ratos”, diz o professor.
Nos
bichos, deu certo. Antes do transplante, o rato com lesão na medula subia uma
cerca com dificuldade. Depois da operação, ficou muito mais ágil.
“Aí eu vi
que podia funcionar. Isso mudou minha vida”, comemora o professor Raisman.
A equipe da BBC acompanhou toda a pesquisa ao longo de um ano: uma colaboração
entre o professor Raisman, em Londres, e um jovem neurocirurgião na Polônia:
Pawel Tabakow.
Depois de
alguns testes, o doutor Tabakow encontrou o paciente ideal para o grande
momento: Darek Fidyka, paralisado depois de sofrer um ataque a facadas, em
julho de 2010.
O doutor
Tabakow percebeu que Darek era o paciente perfeito, porque tinha uma lesão bem
definida. “Colocamos o Darek, que estava paralisado fazia mais de um ano, em um
programa superintenso de reabilitação”, conta o doutor Tabakow.
“Era pra
ter certeza de que o caso dele não tinha mesmo cura, que, se ele melhorasse,
seria mesmo por causa da operação e não por uma recuperação espontânea”, diz o
professor Raisman.
“Em seis
meses, ele não melhorou. Aí falei com ele sobre um possível transplante das
células do bulbo olfativo”, diz Tabakow.
Resultados das cirurgias
Na
primeira cirurgia, foi retirado um dos bulbos olfativos da base do cérebro do
Darek.
“Aí
deixamos essas células duas semanas em cultura. Deu certo! Elas cresceram, se
multiplicaram”, celebra o professor Raisman.
Em abril
de 2012, na hora da segunda operação, as células olfativas foram injetadas no
ferimento na medula de Darek.
“Se desse
certo, seríamos os pioneiros. Se desse errado, seríamos uns trapalhões”, diz
Tabakow.
A lesão
era bem maior do que aparecia nas imagens da ressonância.
“Tinha uma
fenda de mais de um centímetro”, explica o professor.
“Fomos
injetando as células do olfato em vários pontos da medula”, diz Tabakow.
Foram
cerca de 100 micro-injeções. Cirurgia terminada. Só restava esperar. Darek
passou a trabalhar ainda mais duro.
Depois de
três meses, começaram a aparecer melhoras.
“Comecei a
ganhar músculos e a sentir frio, calor, formigamento. Antes da cirurgia, eu não
conseguia pedalar. Depois, já comecei a ter algum movimento”, conta Darek.
Retorno das sensações e da força muscular
Algo
extraordinário estava acontecendo. Com o retorno das sensações e da força
muscular, Darek passou a dirigir um carro, adaptado, claro. Antes, ele não
conseguia. As sensações também voltaram à bexiga, ao intestino e a outras
partes do corpo.
“A função
sexual melhorou muito. Cada dia melhor”, comemora Darek.
Em
dezembro do ano passado o professor Raisman voltou a Polônia para acompanhar o
progresso de Darek, junto com o repórter da BBC.
“Antes da
operação, o Darek não conseguia tocar o colchão com as pernas. Agora dá, e com
uma carga bem pesada”, mostra o doutor Tabakow.
Os
músculos se desenvolveram mais na perna esquerda.
“A maioria
das células foram transplantadas do lado esquerdo da medula. E é justamente na
perna esquerda que os músculos se desenvolvem primeiro e estão aumentando”, diz
o professor Raisman.
Ou seja: o
caminho que vai do cérebro até as pernas, passando pela espinha, está se
regenerando. E também o das sensações, que faz o trajeto inverso, das pernas
para o cérebro.
“Ele
percebe que eu estou empurrando o pé dele, só não consegue saber se são só dois
ou todos os dedos”, mostra o doutor Tabakow.
“Ele sente
mais o pé direito porque, no caso das sensações, as fibras nervosas são
cruzadas. Como o reparo foi maior do lado esquerdo da medula, as sensações são
mais fortes na perna direita. Ele ainda vai melhorar muito. Pode dizer a ele”,
explica o professor Raisman.
Acontecendo o impossível
Vinte
meses depois da cirurgia, o Darek ainda está no começo do caminho para a
recuperação.
“Não
sabemos aonde o tratamento vai chegar. Mas estabelecemos um princípio: que
fibras nervosas podem ser restauradas e trazer funções de volta, desde que a
gente dê condições para elas”, determina Raisman.
“É
impressionante: uma coisa tida como impossível está acontecendo”, diz Tabakow.
Os
detalhes do tratamento foram publicados em uma revista científica. Até o
momento, Darek é o único paciente testado. Em meados de 2014, equipe da BBC e o
professor Raisman voltaram à Polônia para encontrar o Darek.
“Pela
primeira vez, ele está conseguindo fazer movimentos coordenados e contínuos com
as pernas sem precisar de longos intervalos de descanso”, diz Tabakow.
Depois de
todos os testes, de todos os exercícios no centro de reabilitação, chega um
momento de definição para o Darek. A hora da verdade. Dele sair de um ambiente
controlado, ir para rua, para um parque para tentar andar sozinho. Será que ele
vai conseguir?
Uma grande
jornada. Um homem paralisado redescobre a liberdade de movimentos.
“Isso me
motiva a fazer novas cirurgias, com mais pacientes. O caminho está aberto”,
comemora Tabakow.
“É uma
sensação incrível, difícil de descrever, porque tem horas que a gente acha que
nunca vai melhorar, mas... Quero dizer pra quem está assistindo para nunca
desistir, para lutar, porque alguma porta vai se abrir”, afirma Darek.
Creio que
não fui o único cadeirante a ficar curioso com essa nova pesquisa, não é
para menos, né?
Para saciar minha sede de conhecimento sobre esse possível milagre
científico, fiz uma pesquisa em grandes portais científicos. sou muito ansioso,
e não quis esperar para ver apenas o lado bonito da “cura” no fantástico.
Então as perguntas que fiz a mim mesmo vou deixa-las logo a baixo e já com as
respostas encontradas.
01-ISSO É
UM TRATAMENTO COM CÉLULAS-TRONCO?
Estas não
são as mesmas células, como as células-tronco embrionárias humanas. Até
hoje nenhum paraplégico voltou a andar de fato com apenas esse tratamento e nem
mesmo com combinações de outras “técnicas”.
02-COMO É
FEITA ESSA NOVA TÉCNICA?
São usadas
as células olfativas ensheathing (OECs), são as células que regenera o sentido
do olfato, quando as células nervosas do nariz estão danificadas. Essas
células são injetadas acima e abaixo da lesão, estão utilizado tecido nervoso
retirado do tornozelo para atuar como uma ponte entre os nervos.
03-QUAL O
MOTIVO DA LESÃO DESTE PARAPLÉGICO?
NOME:
Darek Fidyka
IDADE: 40 anos
MOTIVO DA LESÃO: Ataque com arma branca (faca)
TEMPO DE LESÃO: Quatro anos
GRAVIDADE DA LESÃO: Abertura de oito milímetros no canal da medula
04-QUAIS
AS MELHORIAS QUE ELE TEVE?
Alem de
conseguir andar com andador, com muletas o Darek Fidyka também recuperou a
sensibilidade parcial das pernas, a sensação da bexiga, controle do intestino e
o controle na função sexual.
05-QUANTO
TEMPO DEMOROU PARA APARECER ESSAS MELHORIAS?
Darek
Fidyka teve os primeiros sinais de recuperação depois de três meses do
transplante, depois de dois anos com ajuda de terapeutas conseguiu os feitos
citados acima.
06-ESSE É
O TÃO ESPERADO E DESEJADO MILAGRE CIENTÍFICO?
Não. Esse
foi apenas o primeiro teste realizado, não tem como afirmar e MUITO
menos disponibilizar esse milagre para todos!
07-ESSE
POSSÍVEL AVANÇO FOI RECONHECIDO NO MEIO CIENTÍFICO?
Em vários
sites do meio cientifico que eu li matérias sobre esse assunto, tem
críticas sobre essa abordagem: Feito mais importante que o primeiro passo
do homem na lua.
A nossa recuperação não é menos importante, mas sim pela lesão parcial do Darek
Fidyka. Ele não teve o rompimento total do canal da medula, o corte foi de
oito milímetros e ficaram dois milímetros de tecido intacto.
Dr. Barth, Professor e Presidente da cirurgia neurológica na Universidade do
Sistema de Saúde em Miami, ecoou esse sentimento: “Eles têm um paciente que fez
e teve melhorias e isso é maravilhoso, mas se você não pode reproduzi-lo,
não é real. Não estou convencido de que este é um grande avanço,definitivamente
não é a resposta para todos ou mesmo a todos com a mesma lesão, até que
tenhamos mais exemplos com mais de um paciente.” disse à CNN.
08-QUEM
TEM MAIS BENEFÍCIOS COM TRATAMENTOS DE CÉLULAS-TRONCO OU TÉCNICAS SIMILARES?
Estudos de
laboratório mostraram recuperação muito mais significativa em pacientes
cuja medula espinhal foi apenas, parcialmente cortada.
É isso
turma, consegui tirar minhas dúvidas e espero ter tirado as de vocês também!
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esse post para um amigo que tenha alguma dúvida, informação é a melhor
reabilitação que temos no momento!